Enquanto me arrumava para academia, olhei pra Alexa para pedir a ela que começasse a tocar algumas músicas, com a ideia de abafar o latido incessante do cachorro do meu vizinho que já vinha latindo havia 1 hora e meia sem parar.
Nesse momento vi um elefante, meio dourado, pequenino e de plástico que no dia anterior eu havia tirado da bolsa e posto na escrivaninha. Logo me lembrei de como esse elefante veio parar sobre meus cuidados.
Sentadas em um restaurante no Porto de Ibiza, em nosso último almoço por lá, fomos abordadas por um Senegalês simpático tentando vender algumas peças de utilidade doméstica. Agradecemos e dissemos que não queríamos.
Ele então nós ouviu falando em Português e quando já estava saindo voltou e iniciou uma conversa como um bom vendedor faria.
Disse que ama o Brasil, que somos uma pátria irmã, que tem nossa cultura no coração. Esses elogios ao Brasil são bem comuns ao redor do mundo, muitas pessoas, quando digo que sou do Brasil rasga elogios e paixão ao nosso país e é óbvio que como uma brasileira apaixonada pelo meu país, fico contente com isso.
Claro que nesse momento ele estabeleceu uma conexão, ganhou nossa atenção, e começamos a conversar. Ele nos contou ser do Senegal e que vai à Espanha para trabalhar durante a temporada de verão e depois volta ao Senegal para viver com o dinheiro que juntou naquele período. É meio louco pensar que é possível trabalhar cerca de 4 meses por ano para viver todos os 12. Isso não seria um problema em circunstâncias diferentes, mas essa é a realidade de muitos países em relação a outros.
Conversar com pessoas em viagens é algo que eu amo fazer e depois de um papo legal e descontraído, ele se despediu. Mas antes de ir, colocou a mão dentro da bolsa, sabe aquelas bolsas que cabe tudo dentro, pois é uma dessas, mexeu no fundo e tirou de dentro dela 4 elefantes, um para cada uma de nós ali na mesa.
Ele então disse que aquele elefante nos traria boa sorte. Que no Senegal tinha essa representação e que era um presente pra nós brasileiras. Disse também que se pudéssemos fazer uma doação, qualquer quantia, que esse dinheiro iria para ajudar pessoas no Senegal, uma ONG ou algo do tipo. Contribuímos e ele foi embora, com o mesmo sorriso largo que nos ofereceu durante toda nossa conversa.
Trouxe o elefantinho pra casa e acabei deixando ele esquecido na bolsa, até esse momento.
Como fui lembrada de toda essa história e gosto de pesquisar culturas, fui para o Google para entender um pouco mais sobre o significado.
Bom, no Senegal, ao que parece, eles absorveram da Índia esse significado positivo aos elefantes. Esses estátuas devem permanecer de pé com a tromba pra cima, pois assim espalham a energia da boa sorte e fortuna pelo ambiente. Como minha mãe, antes mesmo de eu nascer, já tinha um elefante desses pra atrair boa sorte, na sala da nossa casa, o meu vai ficar no meu quarto, mas não só para atrair boa sorte e fortuna, o que são sempre bem vindos, mas também como um símbolo de que viajar é como experimentar um pouco do que seria nascer em qualquer outro lugar…
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Escrito por Michele Raggio do Rêgo